Praia, creio na minha praia, não só na sua cavidade bucal, mas principalmente no seu equilíbrio, na sua subtileza em forma de breves brisas afrodisíacas para assim afrontar qualquer água gélida da vida, seja qual for a ordinária cascata, seja qualquer reles mar negro.
Praia, tua areia. E eu sei, eu sei que nasci erva, daquelas da família das balsamináceas, uma variante do não-me-toques, de uma maria-sem-vergonha juntamente com beijo-de-frade, sim eu sei, mas essa areia, porra se não me esfregarei nessa areia com a promessa de lhe oferecer os beijos sem "des", sem hesitar, com o compromisso jornaleiro de tirar as marias do sem-vergonha e torná-lo sem-meias-verdades, sem-meios-disfarces, sem-merdas. Porra se não me esfregarei nela, até a comerei, que sonho.
E no fim, tu minha praia, meu porto seguro, quando chegar aquele flagrante instante em que não irás ser mais capacitada de me bronzear, e mesmo eu não estando preparado, continuarei sempre ao teu lado a adormentar-me em ti, porque apesar de sermos de naturezas diversas, acolheste o meu amor de erva como se de uma árvore tratasse e com os teus olhos fazer-me sempre sentir verão, de novo atraente, de novo apaixonado pela vida.
007 B.P.
3XQS (Quem Quer Que Sejas)
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