Bem, ontem (domingo) o meu dia foi uma merda. Apesar de já estar na Zara e desse trabalho não ser nada do meu agrado (tal e qual como foi na H&M) a causa do domingo ter sido um autêntico esterco não adveio daí, mas sim ....de uma ida ao cabeleireiro.
Pois bem, voltemos à 6ªf passada (dia 2): nesse dia recebi finalmente a farda para o meu trabalho na Zara, já que desde 2ªfeira (o dia em que tinha começado a trabalhar) que andava com uma t-shirt preta e umas calças pretas. Para ser sincero, a t-shirt preta juntamente com as calças escuras era uma vestimenta que gostava bastante, não só se sabe que o preto torna as pessoas mais magras, como na minha opinião dá igualmente um efeito mais
clean e torna as pessoas menos feias ...portanto, como calculam, tudo o que eu mais desejava era receber a minha farda oficial o mais tarde possível (ou até mesmo nunca a receber!) para andar todos os dias sempre de preto.
Obviamente que esse desejo era impossível e 6ªfeira já lá estava à minha espera a querida farda.
Vesti então uma camisa cor-de-vinho slim fit M (queriam-me dar um L!!),
umas calças de fato 42 (tinha pedido um 40 e por isso com um 42 tive que usar um cinto) e só não meti uma gravata preta porque já não havia mais nenhuma (graças a Deus!) ...conclusão: fiquei horrível
...Passo a explicar: na minha já formada opinião, uma camisa formal não fica bem a pessoas de cabelo muito comprido (como é o meu caso) porque não só as faz parecer mais atarrachadas como tira-lhes aquele ar
clean que a t-shirt preta lhe dava. Em relação a calças de fato, a partir do momento em que te dão o número acima do que tu usas, estão automaticamente destinadas a ficarem-te mal.
E então, dada esta explicação, não é díficil advinhar que voltei para o trabalho super desanimado como ao mesmo a sentir-me o rapaz mais feio acima da terra.
Desde de sempre que achei que não fui uma pessoa feita para andar de fato, sou uma pessoa de artes e sendo uma pessoa de artes faz de mim uma pessoa de mente aberta, faz de mim uma pessoa imaginativa e com uma sede enorme de variedade e de criatividade, e por isso, não me posso prender logo ao início dentro de um fato senão automaticamente a partir desse momento não só perco parte do meus movimentos, como ao mesmo tempo perco parte da minha liberdade e espontaneadade.
Sendo assim, sabendo que iria ter que usar pelo menos durante 5meses a minha querida farda decidi marcar para domingo (porque era o meu dia de folga) um corte num cabeleireio, mais precisamente no Jean Louis David. Quando cheguei a esse dito cabeleireiro exactamente às 15h30 de domingo, sentei-me e fui atendido por um senhor muito simpático (pareceu-me ser gay) e disse-lhe que queria só cortar as pontas............................................................ bela merda, foi as pontas o cara***.
A sério, não entendo os cabeleireiros foda-se, primeiro parecem que não ouvem o cliente e por isso cortam tudo errado e sempre mais do que nós pedimos, e depois no final ainda fazem sempre um penteado horrível ...mas será que eles não têm nenhum sentido de estética?!?! ...Cabrão do gajo estragou-me o dia.
Saí da JLD com um sorriso forçado e com uma vontade enorme de chorar.
Depois do cabeleireiro foi sempre tudo a piorar. Chatei-me com as pessoas que mais amo sem razão aparente e cheguei ao final do dia de rastos, a minha única vontade era desaparecer do mundo e tudo por causa de um simples corte...
Este corte não foi apenas mais um corte,
este corte simbolizou para mim o falhanço final de todas as minhas decisões, isto é, nenhuma das minhas decisões que tomei até agora foram bem feitas e muito menos tiveram o retorno que eu esperava terem ...nem faculdade, nem ginásio, nem os part-times que fui tendo, nada, nada.... e agora, nem para cortar o cabelo decidia bem. Sou um autêntico falhado, um aborto, uma merda ambulante que não sabe fazer nada senão tomar decisões erradas ...isto é como eu me sinto, com ainda o acréscimo de ter ficado com uma auto-estima abaixo de zero e sentir-me ainda mais feio do que já me sentia anteriormente por causa de um genial corte de cabelo.
Como já referi, cheguei ao final do dia de rastos, e então perto da meia noite a minha mãe passou por mim e desejou uma boa noite, eu chamei-a e comecei a queixar-me do meu cabelo e ao mesmo tempo da minha vida ..entretanto depois de tantas "queixinhas" não aguentei e desatei a chorar. A minha mãe abraçou-me, e assim ficámos durante uns minutos. Eu a chorar "baba e ranho" e ela somente a abraçar-me. Ela esperou que eu mandasse todas as lágrimas cá para fora e disse-me mais ou menos isto:
"Zé, tenho sentido que te falta a parte espirutual, tens-te agarrado muito às coisas materiais, tens-te agarrado muito à tua imagem e com isso deixado de lado toda a tua espiritualidade... Só com essa parte conseguirás econtrar-te e entenderes o teu caminho e a tua vocação, e para isso precisas de ajuda, porque ninguém consegue ter uma vida espiritual sozinho, tal como eu e como o papá tu precisas de alguém que te aconselhe e que te acompanhe..."
Não o demonstrei à minha mãe, mas fiquei totalmente estupefacto, nunca pensei que ela conseguisse ler tão claramente a razão de todos os meus pensamentos e angústias,
mas a verdade é que as melhores mães do mundo têm esse poder...