domingo, 16 de fevereiro de 2014

Carta ao meu psicólogo: 13ª parte.

Vejo a mosca em cima da moldura da sua secretária e indentifico-me com ela, zigue-zagueando em cima de uma fotografia que é o meu passado, e dada tanta confusão preparo-me para abrir as asas e levantar voo. Para onde? Não faço ideia. A única coisa que sei é que independentemente de onde aterre continuarei perdido, mas sempre de consciência que pelo menos uma vez no meu dia tenho que aterrar na merda, porque só quando me deparar realmente com a merda que cometi para a perder, só quando aceitar essa merda toda, só quando for forte o suficiente para engolir essa merda toda, é que se serei capaz de finalmente seguir em frente, apto para pousar no presente.

O que é que eu faço Doutor?

3xQS: A Padaria Portuguesa



Baby,

Estou a tomar o meu pequeno almoço na padaria portuguesa e tenho um casal (parecem ser da nossa idade) na mesa ao lado que não param de trocar carinhos, e se eu não te amasse tanto, neste momento estaria a odiar este cenário ultra-meloso, mas não ...estou a literalmente a sonhar acordado. Todas aquelas carícias executam em mim um desejo ainda maior de te ter, exigem ter-te ao meu lado, e esperam por te contar olhos nos olhos como és incondicionalmente bonita e como mudaste a minha vida desde o primeiro dia que te vi.

Neste mesmo preciso instante estou a usar aquelas botas que tu insitentemente queres que as deite fora e os óculos que tu tanto detestas, Amo-te, os meus pés tremem como se fossem explodir a qualquer altura e as lentes desses mesmos meus óculos estao embasseados, tudo isto por causa dos arrepios e suores que a imagem deste casal me causa. Fazes-me falta. És mais do que imaginas para mim, quero tanto crescer contigo e que cresçamos em conjunto, quero explorar todas as sensações que já conhecemos e descobrir todas as outras que nunca experenciámos, anseio por planear e aproveitar toda esta jornada ao teu lado.

E eu prometo-te baby, garanto-te que de uma próxima vez quando ficares totalmente derretida com um animal abandonado ou começares a soluçar naquele episódio da tua série favorita, que eu irei dar-te ainda mais atenção, porque a vida é curta e o mundo não espera por nós, porque eu não sei quando tempo é que irei permanecer aqui, como também se tu irás sempre gostar de mim (eu sei que estou carregado de defeitos amor, desculpa, mas vou lutar para que te apaixones continuamente por mim), por isso prometo-te, vou-te amar ainda mais nesses momentos, desde o teu barrar da torrada no princípio do dia até ao te deitares cheia de ciúmes por causa da minha nova colega de trabalho.

Largo lágrimas discretamente, agora, por não ser mais capaz de escrever tudo o que sinto por ti neste pedaço de papel, os meus dedos vacilam e tenho as mãos geladas. Sofro por não ter a palma da tua mão colada à minha, por não ter o teu sorriso parvo junto à minha boca. Eu sou tonto e fraco (eu sei) e por vezes sentimental de mais (também o sei), e por isso choro, mas tudo isto porque tu me moldaste desta maneira, sem preocupações, tudo isto porque tornaste a minha complicação em descomplicado e por isso fiquei assim, lamechas, sem ter os problemas a ocuparem a minha cabeça, somente o desejo louco de te beijar a cada segundo.

Vem ter comigo rápido, meu amor, quero partilhar este croissant misto de sementes (e ainda quente) com a tua boca.

E lembra-te disto: O meu olhar pertence-te.

O teu,

B.P.



(3xQS= Quem Quer Que Sejas)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

3xQS: A tua ausência desgasta-me.

A tua ausência desgasta-me, deixa-me indefeso, inútil e sem fonte de inspiração. A tua ausência mata-me pausadamente, tal e qual como um bisturi que me vai rachando e separando pedaços de mim até eu deixar de ser sequer matéria. A tua ausência faz-me odiar, e foda-se, como eu odeio odiar-me. Odeio não te ter, odeio não te poder viver, odeio não te experenciar e tenho aversão ao anti-toque. A tua ausência faz-me andar desnorteado, deambulando de rua em rua, autocarro em autocarro, de casa para o trabalho e trabalho para casa. A tua ausência deixa-me doente, de cama, desarmado, engolido pela cegueira emocional e em coma por causa do síndrome quero-a-droga-da-tua-saliva.

Que puta-que-pariu para o amor, porquê esta sujeição? Não funcionava dar-me totalmente, amá-la desmesuradamente e não sentir a sua falta?

Esta obscenidade de carência tira-me a fome, é um palavrão para mim, deixa-me violentamente revoltado e facilmente detestável, torna-me completamente nocivo. Esta tua falta é para mim um silêncio pertubador e inseguro, tudo isto, porque o meu mundo depende de ti, e mesmo não podendo compreender ao certo o que isto realmente significa, sinto-o, constato que o meu mundo neste exacto momento é a relaçao de obediência perante o que sinto por ti, o meu mundo é a chama, o desejo, o fascínio, o fogo, o interesse, a paixão, a aventura, é a minha vassalagem a tudo isto e muito mais. 


O meu mundo, tu, é a minha unica perdição.



007 B.P.

(3xQS= Quem Quer Que Sejas)

O homem perfeito.

Ele, o homem perfeito, o homem que luta para a sua barba estar no limite do magnifico e que enfrenta cara-a-cara as suas borbulhas, amedrontando-as, tornando o seu rosto imaculado. Ele, o homem perfeito, que trabalha todos os dias penosamente para que o seu corpo seja algo digno de culto e para que o seu cabelo esteja incessantemente direito e aprimorado. Ele, o homem perfeito, que censura qualquer penugem no seu suave corpo de bebé. Ele, o homem perfeito, que dia-sim dia-sim, se perfuma e define cuidadosamente a indumentária para que qualquer género, seja masculino ou feminino, caia aos seus pés perdidos de amor por si, emanados por tanta atração que transpira.


Ele o homem perfeito,
tão perfeito,
mas tao perfeito,
que está sozinho.

Podiam pensar que dada tanta perfeição junta ele teria establecido ficar sozinho. Podiam pensar que por não haver ninguém tão puro para ele, a não ser ele próprio, teria certamente desistido de procurar.

Mas enganam-se.

Porque ele, o homem perfeito, não é nada mais que uma merda ambulante que passeia a sua carcaça bem-cheirosa sem que alguém lhe ligue alguma. Pois ele, o homem perfeito, é tudo menos perfeito, é tudo menos completo, é tudo menos tudo. Porque os perfeitos, sim esses, esses homens carecas, esses homens desdentados, esses homens gordos ou mal-cheirosos, são todos perfeitos, nem que seja somente para uma pessoa, mas são. São aqueles que ele nunca lhes chegará aos calcanhares, aqueles que se houvesse uma luta de beleza ele ia ao tapete, aqueles que são sempre iguais a si próprios e ao mesmo tempo sempre diferentes dos outros perfeitos.

Porque ele, o homem tudo menos perfeito, é a junção de ideais publicitários com fotos alteradas de capas de revista. Porque ele, o homem tudo menos perfeito, é o resultado de uma sociedade de alma podre, consequência do glamour-imortal, da juventude-interminável do imaginário-inexistente.
Porque ele, o homem tudo menos perfeito, é assim, por falta de coragem de ser ele proprio.




007 B.P.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

3xQS: Desculpa-me.

Prometes que se eu te disser não ficarás decepcionada comigo? Que se eu te confidenciar tu não me irás a partir desse momento desprezar-me e ignorar-me como se eu deixasse de existir? Eu juro-te, acredita, não queria falar-te disto, mas a minha consciência pesa, ando a trepar pelas paredes e não te consigo mais esconder. Eu sei, eu sei que fui avisado e sei que deveria ter cortado logo no início enquanto era tempo, mas cedi, cedi ao olhar, ao sorriso, ao prazer da companhia. Ando a sonhar constantemente, mas desde há uns dias que sonhar tornou-se insuficiente e só anseio pelo sentir da pele. Eu não te queria mesmo meter ao barulho, mas tornei-me carnívoro, sedente pela carne, quero comer a carne, amar a carne, adorar a carne e não suporto mais tempo sem puder tocá-la. É que as coisas entre nós até estavam controladas, tínhamos tudo esclarecido e planeado, mas com a tua ausência fraquejei, não pensei que fosse possivel, mas fraquejei. Com a tua ausência apercebi-me de quem realmente gostava e com quem efectivamente desejava ficar. E por isso queria-te pedir para não ficares estupefacta com o que irei expressar, simplesmente aceita por favor, e não me culpes, ouve-me e aceita somente:

Desculpa-me por tudo o que te omiti, por tudo o que te escondi quando deverias ter sido a primeira a saber. Desculpa-me por todos os actos fingidos e todas a mensagens secas que te enviei. Desculpa-me pelas cartas que não te escrevi e pelas frases mal apagadas no teu dossier. Desculpa-me se te desprezei ou se em algum momento me fiz de indiferente para ti. Desculpa-me ter criticado o teu batom ou ter implicado com o teu cabelo. Desculpa-me, mas eu não aguento mais isto, dói-me, és perfeita para mim e eu já não vivo sem ti.    

Desculpa-me, mas quero-te tratar por amor.




007 B.P.

(3xQS= Quem Quer Que Sejas)

3xQS: Pro(cura-me)

Pro(cura-me), porque quando nos encontrarmos (porque sei que nos iremos encontrar), serei apologista do para sempre, da intensidade aliada à paixão perpétua, do viver felizes até que a morte nos separe, de te tornar na rapariga mais concretizada à face da terra e oferecer-te montanhas atípicas de emoções e de atrações irrestritas. Pro(cura-me), fica comigo para sempre, prometo que serei apologista dos mimos em overdose e das lamechices nas ocasiões erradas, que irei desejar somente sexo com amor e amor exclusivamente com sexo, tornar-me-ei contra a infedelidade e partidário do repetitivismo, do play-pause-reverse-play, adepto do "quero-te" "es linda" e "tenho medo de te perder" isso vezes sem conta, tantas vezes como os gemidos que te irei proporcinar logo pelo café da manhã. Pro(cura-me), fica comigo para sempre, serei defensor daquele acordar em que abres os olhos e me dizes "estou feia" mas na verdade estas-simplesmente-deslumbrante-é-so-a-tua-insegurança-parva-a-falar. Pro(cura-me) porque a partir desse momento, a partir desse para sempre, tornar-me-ei singularmente no teu maior fã.

Pro(cura-me), mesmo que não me queiras. Pro(cura-me), porque aí serei apoiante do para o segundo, aquele para o segundo em que te irei espremer integralmente até ja não teres sequer suor para verter. Pro(cura-me), mesmo que nao me queiras, e deixa-me reter-te somente naquele instante, para que possa arrancar todo esse teu amor, que me recusas dar para sempre, através da minha língua molhada. Pro(cura-me) para recolher toda a tua saudade, todo o teu carinho e todo o teu calor através dos movimentos bruscos dos teus lábios, para assim suportar a tua perda. Pro(cura-me), quero-te consumir, mesmo que seja tudo finito, quero estudar Matematica contigo, lamber todos os teus vértices, desde as ponta do teu nariz até cada um dos dedos. Sugar-te de todos os ângulos, desde os obtusos até tu chegares àquela hipotenu-tusa, aquela soma dos orgamos-catetos ao quadrados. Pro(cura-me), permite-me retirar através do teu corpo todos os anos que estaríamos juntos e que nunca irão acontecer, todos os "amo-tes" "gostos de ti" e "adoro-tes" que ficarão por dizer. Pro(cura-me), mesmo que não me queiras, porque serás naquele mexer dos ponteiros o melhor e irrepetível fanatismo da minha vida.

Porque entre o caos e a felicidade, estarás sempre tu, e eu preciso de ti,
quer seja para sempre ou para o segundo.

Por isso, simplesmente Pro(cura-me).



007 B.P.

(3xQS= Quem Quer Que Sejas)