Doutor, acho que nunca falei a ela sobre os meus medos. Mas eu tinha-os, como se fossem fantasmas escondidos na minha sombra. Era como estar a viver um conto de fadas, mas com medo de acordar a qualquer momento e aperceber-me que tudo não passava de um sonho. Acho que nunca lhe falei que as vezes sentia medo por ela ser tão perfeita para mim, medo de eu não lhe ser suficiente em todos os segundos do dia, medo que aparecesse alguém mais suficiente que eu para ela, medo que se apaixonasse por esse mais alguém. Acho que nunca lhe contei também, que eu tinha medo de me apaixonar demais por ela, de ficar tão vidrado ao ponto de toda a minha felicidade depender dela. Acho que nunca lhe tive coragem de lhe falar o quanto tinha medo daquele nosso afastamento, medo que aquela longitude que nos separava todos os dias fosse forte o suficiente para afastar o seu coração de mim permanentemente. E apesar de nunca ter tido tantas certezas por aquilo que sentia como o que senti por ela, havia sempre um medo disfarçado no meio daquele ilimitada certeza. Eu sabia que ela tinha sido a maior dádiva na minha vida, mas uma coisa não conseguia deixar de ter, o medo de a perder, esse medo que irá perdurar até o dia em que ela chocar comigo para a eternidade.
Que é que eu faço Doutor?
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