Bem, estes últimos 6 dias foram bastante complicados principalmente resultante dos efeitos secúndarios de estar a retirar Xanax, mas também devido a uma nova questão que apareceu repentinamente na minha vida: deverei ou não aceitar trabalhar na nova Zara das Amoreiras?
Sei que esta dúvida pode parecer totalmente descabida tendo em conta os tempos em que vivemos e a situação de certas pessoas que procuram um trabalhar há anos ...parecerá ainda mais parva quando vos disser que há uma semana estava desejoso de ser seleccionado e portanto ser um dos escolhidos para trabalhar na estreante Zara das Amoreiras.
Então e vocês, caros leitores fantasmas, perguntam: mas então o que mudou?
Pois bem, o que mudou ou, mais exactamente, o que ME
São eles que metem as minhas ideias confusas desde que eu me lembro que existo, poucas vezes os meus pais convergem na maneira de pensar com os meus avós paternos (e vice-versa).
Os meus avós paternos, Maria Ilda e Acílio, são meus padrinhos de baptismo e por isso, apesar de terem uns impressionantes 18 netos(!!!), eu sou aquele de quem eles se mais se preocupam, sou aquele com quem eles têm uma maior ligação e um maior carinho, mas consequentemente sou também aquele que leva a toda a hora na cabeça. Portanto ao longo deste anos em vez de evitar ir visitá-los, porque saberia que isso iria causar-lhes uma mágoa enorme (principalmente porque sou praticamente o único neto a ir vê-los...) decidi criar um mecanismo para que quando eles começassem a refilar automaticamente a minha cabeça fizesse «off» ...e assim só vejo o bigode do meu querido avô ou os lábios da minha avó a mexerem-se não emitindo qualquer som, o que obviamente faz com que eu me ria, brinque com eles e diga sempre que "sim sim" com um sorriso enorme na cara.
Mas infelizmente, para muito desagrado meu, ainda não consegui criar esse mecanismo para o meu pai.
O meu pai de nome José Luís é um grande homem, não tanto de estatura, mas sim de pensamento e espírito. Para mim só tem um defeito: o seu cepticismo no que diz respeito a depressões. Se não fosse isso ele seria praticamente um homem perfeito.
Desde o princípio da minha depressão que a relação entre mim e o meu pai ficou um pouco mais acesa a nível de picardias e discussões.
Ele, com toda a sua legitimidade, quer que o filho mais velho seja um exemplo cá para casa e que acima de tudo retribua todo o suor e dinheiro gasto em todos os meus anos de educação (porque ao contrário do Dr. Gaspar não foi o País que me deu muito, mas sim os meus Pais), mas a realidade é que estes últimos 3anos fiquei incapacitado de conseguir fazer o que fosse e por isso, para o meu pai, eu era quase como se fosse um monte de merda que estava em casa e que não servia para mais nada do que deixar a casa a cheirar mal, e sendo assim, ele em vez de pensar que aquela merda já tinha sido algo de valioso antes, pensava somente que a merda estava a afectar a casa e por isso dizia à merda para se "desenmerdar" ..o problema é que a merda, em vez de se desenmerdar, ficava cada vez mais na merda e o problema foi-se tornando cada vez maior.
O problema da depressão, entre mim e o meu pai, chegou a um ponto em que depois de tantas discussões e desacordos acabou por se tornar num tabu. Neste momente nós não falamos sobre isto, nem sequer referimos o nome dessa tal doença, unicamente vamos deixando o tempo passar, um na esperança que o outro venha alguma vez a entender o que ele relamente passou, e o outro querendo que ele acabe o curso e comece a ajudar financeiramente cá em casa.
A minha mãe diz-me frequentemente que eu tenho um feitio muito parecido ao meu pai, secalhar por essa razão sou assim tão benfiquista ferranho como igualmente sou o filho que melhor me dou com ele. Sou o único que falo com ele acerca de política, futebol, do Mourinho e mais outros diversos temas, mas depois sou também aquela que mais "porrada" levo e mais "respostas" lhe dou.
Mesmo assim, e para finalizar, quero salientar que apesar dos meus avós serem "assim" e o meu pai "assado", eu amo-os com todas as minhas forças, amo-os e queria que eles vivessem para sempre, queria que fossem infinitos e que se morressem pelo menos que passado 3dias ressuscitassem ..não os imagino sem eles. A minha mãe é, e será, sempre a mulher da minha vida, não há ninguém tão pura, tão dedicada e tão disponível como ela ...ela é a minha beata favorita! E o meu Pai é o homem que eu mais admiro, é aquele homem de quem eu gostaria no futuro a nível pessoal e intlectual. Ele está sempre a ler e sempre a informar-se, tem uma cultura geral super vasta e abdicou de muitos luxos para dar todas as coisas aos seus filhos. Mas acima de tudo ele é fiel à minha mãe, e ama-a há 25anos e isso para mim ...é tudo.
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