sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sou de extremos

A Minha última relação durou mesmo pouco tempo. Conheci-a no autocarro, quando o semáforo ficou encarnado. A minha janela deu exactamente para a dela. Ela usava uma t-shirt de alças preta dos Guns&Roses e um chapéu estilo Bruno Mars, nada de maquilhagem. Eu tinha a minha cabeça enfiada num dos meus mil sonhos enquanto ouvia o mp3. Eu olhei, ela viu-me. Eu desviei a cara, antes de ela desviar também. Voltamos a analisar-nos um ao outro. E sorrimos, inevitavelmente. Ela fez um beicinho doce e teatral com os lábios, sinalizando a vontade de um beijo inocente. Num raro ímpeto de maturidade, meti a língua para fora, girando a pontinha rugosa e pigmentada num movimento pseudo-sexy. Ela riu-se, faz uma cara de carrancuda, achando-me pateta. Eu enchi-me de orgulho por ter tirado aquele riso. O semáforo abriu e pará-mo-nos de se ver. Ainda me virei para um último olhar por cima do ombro. Não ia dar mesmo certo. Estávamos em lugares diferentes da relação, a viver em direcções opostas, as coisas andavam rápidas demais entre nós, e acho que as amigas dela também não gostavam de mim. Mas foi bom e inesquecível, enquanto duraram os trinta segundos.




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